Em uma coletiva virtual, na manhã desta segunda-feira (19), o delegado Wilkson Vasco e o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Victor Vasconcelos, detalharam as investigações sobre o desaparecimento da jovem Joana Gabriela Coutinho Soares, de 21 anos. Ao todo, seis pessoas foram presas.
Ela desapareceu na Serra da Miaba, no município de São Domingos, região Agreste de Sergipe, no dia 29 de setembro e foi encontrada no dia 4 deste mês, bastante ferida. Joana permanece internada no Hospital de Urgências de Sergipe.
A viagem
Segundo o delegado, Wilkson Vasco, Joana foi à Serra no dia 29 de setembro a convite de um jovem identificado como Ryan, que ela havia conhecido há 15 dias em uma rede social. Eles chegaram a sair por duas vezes em Aracaju.
“Ryan era conhecedor profundo da Serra, ia sempre para para o local. Os dois foram de ônibus até o município de Itabaiana, de lá pegaram outro para o município de Campo do Brito e seguiram à pé até São Domingos. Chegaram a pegar carona com um desconhecido e dormiram em uma praça, já em São domingos, para subirem a serra no dia seguinte”, detalhou.
Antes de subirem à serra, os dois passaram na mercearia de um senhor, identificado como Domingos. No local também são comercializadas diversas bebidas alcoólicas exóticas. Segundo o delegado, eles compraram uma bebida de cogumelo e foram ingerindo.
Início do pesadelo
“A jovem já começou a sentir os efeitos da droga ainda enquanto subia a serra. Ao chegarem no ponto do acampamento, ela conheceu amigos de Ryan, dois argentinos, identificados como Guido e Lucas, Maykon, um piauense e outro rapaz identificado como Ruiz”
Bastante desorientada, Joana começa a perceber que estaria sendo drogada e passa a não comer nem beber nada no acampamento. Ela disse em depoimento, que ouviu os rapazes falarem que a desorientação dela era provocada pelo “doce”, como é chamado o LSD, droga sintética.
“Ao perceber que estava sendo drogada, Joana começou a desmontar a barraca para ir embora e chamou Ryan, isso no dia 30 de setembro. Nesse momento ela passou a ser ameaçada por ele e pelo colegas para que não fosse embora. Ao sair do acampamento, Joana foi acompanhada por Ryan, que caminhava atrás dela e logo depois a jovem sofreu um apagão, como ela descreve”, disse o delegado.
A polícia acredita que foi nesse momento que a jovem foi agredida pelo rapaz e desmaiou.
Agressões
Ela só foi localizada no domingo, dia 4 de outubro.
Um grupo de pessoas procurava pela jovem e achou um livro, com o título “O Poder da Esperança”. O livro estava em ótimo estado de conservação e teria sido deixado ali há poucos dias, era um sinal de que Joana estaria por perto, o que de fato aconteceu.
Ela foi encontrada há cerca de um quilômetro do local onde o livro foi visto.
“Joana estava com ferimentos na cabeça, um deles na região da nuca, onde larvas de mosca estavam se alimentado do tecido necrosado. Ela também tinha ferimentos na região da cintura e estava bastante desidratada. O local onde o livro foi encontrado é exatamente onde ela foi abandonada. Ao acordar, dois dias depois ela se rastejou até onde foi encontrada”, informou o delegado.
No momento em que a jovem foi encontrada Ryan apareceu com o livro, que o grupo havia visto e informando que a jovem estava ferida na cabeça e na cintura, sendo que ela estava com o corpo coberto e nem mesmo o grupo que a encontrou havia percebido. Nesse momento, as suspeitas de que Rayan havia feito algo contra a jovem foram intensificadas.
Ela foi resgatada de helicóptero para Aracaju e permanece internada no Huse onde se recupera dos ferimentos que sofreu.
Segundo, o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Victor Vasconcelos, as larvas encontradas na cabeça da jovem comprovaram que os ferimentos haviam sido feitos há pelo menos cinco dias.
Presos
Depois de todo o trabalho de investigação e reconstituição do caso, a polícia prendeu Ryan Vinicius Lima da Silva, Maycon Douglas Nunes, Lucas Diego Bustos, Guido e Alfredo Maria Ruiz. Eles são suspeitos de estupro, sequestro e tentativa de homicídio. Já Domingos dos Santos vai responder por tráfico de drogas, crime que Ruiz também é suspeito de ter cometido.
Os exames feitos pelas equipes do IML não comprovaram conjunção carnal, nem a presença de espermatozoides na região pélvica da jovem, mas segundo o diretor do IML, Victor Vasconcelos, o uso de camisinha pode ter evitado que vestígios da ação criminosa fossem deixados.
“O estupro é evidenciado pelo depoimento da jovem e pelos ferimentos na região da cintura’, disse ele.