Por Antonio Samarone *
A sociedade sergipana não comemora o bicentenário da independência (1822–2022). A pandemia atrapalhou, mas nada justifica a indiferença. Soube que a Assembleia Legislativa fará alguns seminários, algumas entrevistas na TV ALESE, um ou outro sarau.
As entidades culturais organizarão algumas palestras on-line, tudo limitado a meia dúzia de abnegados. E o Executivo estadual? Não sei! As preocupações são outras. Estão enrascados para formarem a “chapa” do continuísmo.
Nem o ano eleitoral despertou os donos do poder. Nada! Eles comandam a máquina, fonte de mimos e privilégios, para os seus. E o Estado cada vez mais pobre e o povo precisado. Um elite política insaciável.
Um dia isso acaba e espero que seja logo.
O grande Graciliano Ramos, em um momento de indignação, desejou que Alagoas afundasse no Oceano, pelo menos o Brasil ganharia um golfo. Eu não quero que Sergipe afunde, acho que ainda tem jeito.
Vivemos sob o peso de uma classe dirigente atrasada, atolada numa politicagem miúda. Sempre foi assim, mas parece que chegamos às profundezas dos grotões.
No último meio século, tivemos dois momentos de lucidez administrativa: o governo Augusto Franco (1978–1982) e o primeiro governo João Alves (1982–1986).
E Marcelo Déda?
Bem, Déda foi um grande político. Inteligente, íntegro, orador ao nível de Fausto Cardoso, mas um administrador sofrível. Perdemos a Era Lula! O Nordeste surfou no crescimento econômico. Sergipe ficou para trás.
Os dois últimos governos (Jackson e Belivaldo), foram tempos de trevas e atraso. Eles se apossaram do poder público. São os donos. Gente de poucas ideias. A falta de criatividade é absoluta.
Não sairemos desse atoleiro com facilidade. A nossa autoestima é muito pequena. O sergipano talentoso brilhou e brilha fora de Sergipe.
O trade turístico e uns poucos intelectuais inventaram a “sergipanidade” (existe até um dia). Cada um acha que é uma coisa. E ninguém se entende.
O nosso desconhecido Hino canta em suas estrofes: Alegrai-vos, sergipanos / Ressurge a mais bela aurora / Do áureo jucundo dia / Que a Sergipe, honra e decora.”
Sergipe esqueceu o bicentenário da independência!
* É médico sanitarista