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Sergipe parasitado

Por Antonio Samarone *

A história política de Sergipe tem a marca das oligarquias rurais. As casas grandes dos engenhos eram os centros das decisões e o Estado, a principal fonte de rendas e regalias.

A reunião da Assembleia Provincial para transferir a Capital para Aracaju, ocorreu na casa grande do Engenho Unha do Gato.
Sergipe sempre viveu sob o mando dos senhores de baraço e cutelo. Durante o Império, os dois partidos políticos em Sergipe denominavam-se “Rapinas e Camundongos”.

Somente em 1985, as “forças populares” conquistaram a Prefeitura do Aracaju, com Jackson Barreto. Em pouco tempo, as forças tradicionais da política cassaram o seu mandato na Assembleia Legislativa, com os votos favoráveis do PT.

Jackson Barreto foi um mal-entendido. Nunca teve projetos, sempre cuidou da sua carreira política pessoal. Astuto, populista, habilidoso nos conchavos, chegou ao Governo do Estado. Depois de quase 50 anos na vida pública, não deixou marcas positivas. Hoje, ele é um fantasma nos corredores dos palácios, em busca de um novo mandato.

A nível estadual, somente em 2006, as “forças populares” chegaram ao Governo do Estado, através do PT, para acabar com a “mesmice”. Uma experiência que já dura 16 anos.

Disse Marcelo Déda em seu discurso de posse, citando Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Em Sergipe, o Estado continuou privatizado.

Com o tempo, a motivação deixou de ser as mudanças. O objetivo central passou a ser a manutenção do poder a qualquer preço. A máquina pública voltou-se exclusivamente para os operadores da política.

Buscando a governabilidade, a manta do Estado cobriu a maioria dos políticos. Sobraram poucos na oposição.

Em um Estado pobre, com a economia destroçada, ser bem-sucedido empresarialmente, sem o adjutório das regalias públicas é quase impossível.

O deserto da oposição é árido!

Foram 16 anos de vacas magras e declínio da economia sergipana. A renda dos sergipanos diminuiu e os empregos sumiram.

O poder transformou muitos líderes de ontem, que “amavam os Beatles e os Rolling Stones”, em novos ricos. Alguns fizeram até o curso de sommelier, para brilharem nos salões da Corte.

Prevaleceu a lógica de Tomasi di Lampedusa, em seu livro Il Gattopardo: “Se vogliamo che tutto rimanga come è, bisogna che tutto cambi» (se quisermos que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude).

Nada mudou!

Nessa eleição (2022), as “forças populares” no poder se dividiram e apresentaram dois candidatos, sob a proteção da Máquina. O poder absoluto leva a arrogância absoluta e a subestimação do voto livre. Eles têm a certeza da vitória em qualquer circunstância.

Poderemos ter surpresas nas eleições desse ano?

Até agora:

O grupo político que controla o Executivo Estadual, a Assembleia Legislativa, a Prefeitura do Aracaju, 67% das Prefeituras no Interior, tem a simpatia manifesta da mídia corporativa, comanda diretamente 52% do PIB, controla 32 mil cargos em comissão, os empregos terceirizados, que distribui mimos, regalias e sinecuras, mesmo assim, não conseguiu emplacar um candidato competitivo a própria sucessão.

Quem pode explicar?

* É médico sanitarista

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