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Sintufs condena intervenção e cobra eleições limpas na UFS

A interventora da UFS, Liliádia Barreto

O Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da Universidade Federal de Sergipe (Sintufs) divulgou nota condenando a intervenção do Ministério da Educação na reitoria da UFS. A entidade também critica a forma como a ex-gestão da instituição de ensino conduziu a escolha da lista tríplice, da qual deveria sair o futuro reitor. Colocada na Reitoria de cima pra baixo, a interventora Liliádia Barreto já está preparando o terreno para realizar novas eleições visando escolher um novo reitor.

Veja, abaixo, a nota divulgada pelo Sintufs:

“A gestão da UFS e suas falhas autocráticas no país dos espelhos

Criar uma narrativa fantasiosa e espalhá-la aos quatro ventos como tática de promoção ou ataque diante de objetivos escusos é uma estratégia antiga e nada original. A tática é relativamente simples: inventa-se ou corrompe-se um fato a ponto de desvirtuá-lo completamente e fazer com que se enxergue, no máximo, seu reflexo distorcido. Pois bem, é exatamente isto que a (ex-)administração da UFS (através de seus capachos comissionados) tem feito em relação às entidades, especialmente ao SINTUFS, atribuindo a estas uma suposta “culpa”  pela intervenção. O pensamento crítico, porém, está aí justamente para analisar estas questões e separar o joio do trigo, a falácia dos fatos. Como dizia Malcolm-X, a construção da imagem pode facilmente fazer a vítima passar por agressor e o agressor por vítima. Por isso achamos necessário colocar aqui os fatos, visando desanuviar esta questão e impedir que a desesperada e absurda versão da gestão continue enganando os mais desavisados.

O primeiro fato que podemos ressaltar é que existem, de forma bastante evidente, (no mínimo) três lados nessa história: o grupo do (ex)reitor, que tentou passar por cima de tudo e de todos para se manter no poder; o grupo ligado ao (des)governo Bolsonaro, que encabeça agora a intervenção; e as entidades  que desde dezembro de 2019 cravaram a bandeira de defesa incontestável da Consulta Pública paritária à comunidade acadêmica da UFS. O que o grupo do (ex)reitor tenta fazer agora, de forma descabida, é criar uma narrativa onde só existem dois lados: o deles, supostas vítimas indefesas, e o outro onde estariam dois extremos num grande complô. Teoria estapafúrdia e digna de quem está acuado e precisando desviar o foco de seus próprios erros. O açodamento de um ataque fantasioso e desabrigado de fatos é a cabal prova do desespero desse grupo, como demonstrado a seguir.

Vamos agora aos fatos que sustentam esta narrativa falaciosa. O principal é de que a causa de tudo o que está acontecendo na UFS é a denúncia protocolada pelo SINTUFS junto ao MPF, em acordo com as outras entidades, sobre as irregularidades no processo eleitoral, em eleição ocorrida em 15 de julho, da qual resultou a lista tríplice com o candidato da reitoria em primeiro lugar. Em tempos de “pós-verdade” não nos surpreende que esta tática seja usada, embora lamentável especialmente vindo daquela que já foi a cúpula de uma instituição federal de ensino superior.

O SINTUFS e as entidades vêm denunciando, desde junho, quando foi lançada a portaria que convocava o Colégio Eleitoral, que seria uma atitude totalmente antidemocrática realizar a eleição indireta antes da Consulta Pública à comunidade, atrasada devido à pandemia e mais ainda devido ao fato de que a gestão da UFS, que desde o começo boicotou a consulta e consequentemente a democracia, negou o pedido de uso do SIGEleição para oitiva democrática da comunidade acadêmica. Ao tentar eleger um candidato completamente desconhecido de grande parte da comunidade acadêmica, mesmo sendo vice-reitor pro tempore no último ano de mandato, a gestão da UFS sabia que só conseguiria se manter no poder por via indireta, sacrificando os mais caros valores democráticos, e não inscreveu chapa na Consulta Pública, fugindo assim dos debates e das urnas.

Este fato, que desagradou toda a comunidade acadêmica como foi amplamente visto nas assembleias e eventos relacionados à Consulta, deixou o grupo do (ex)reitor ilhado, sem força inclusive para aprovar de forma legítima uma alteração de normativa nos Conselhos Superiores, que regularia uma eleição virtual, não prevista na regulamentação interna da UFS. A maioria dos conselheiros, como se percebe no video da sessão do Colégio Eleitoral, se sentia extremamente incomodada com o fato da eleição indireta estar sendo realizada antes da Consulta Pública, sendo solicitadas diversas questões de ordem não atendidas. O reitor passou por cima de todos na sala (e das normas que garantiriam a lisura do pleito) para pautar logo a votação e consumar o golpe.

Pois bem, tivesse feito o que as entidades e diversos conselheiros vinham solicitando e realizado a eleição nos conselhos após a Consulta Pública, provavelmente haveria um ambiente muito mais propício para aprovar as mudanças necessárias e que tornariam a eleição legal, a exemplo da alteração, via Colégio Eleitoral, do procedimento normativamente estabelecido para a eleição. Todavia, isto não era parte do golpe, não interessava, porque para eleger alguém que não tem votos é preciso atropelos e açodamentos. Não se destrói a democracia sem deixar fissuras ou escombros. Portanto, ressaltamos em alto e bom som: o que causou a intervenção não foi a denúncia, mas os questionamentos feitos pelo MPF, que só se deram pela forma evidente como o (ex)reitor e seu grupo atropelaram todos os princípios democráticos no Colégio Eleitoral Especial.

Obviamente existem outros atores e fatos, como o próprio MEC, que o reitor tanto tentou agradar nos últimos anos (com propostas esdrúxulas como a de tentar mudar o regulamento eleitoral da UFS para atender à  finada MP 914), mas que no fim das contas os ignorou, especialmente por apoiar seu próprio grupo, ávido pelo poder na única oportunidade que terá em sua curta existência, pois o obscurantismo em breve deve sumir de nosso horizonte.

Por fim, repetimos nosso lema: nem golpe, nem intervenção! Denunciamos, sim, as irregularidades que atentaram contra a democracia ao ser realizado um golpe para se manterem no poder, onde estão desde 1996, e denunciaríamos tantas quantas outras ocorressem ou voltem a ocorrer. Não nos calaremos na defesa intransigente da democracia e do voto paritário. Se toda a comunidade da UFS tem direito de participar dos processos decisórios (em colegiados e conselhos em geral), esse direito é ainda mais óbvio quando se trata da escolha dos dirigentes máximos da instituição.

Quanto à intervenção, entendemos que é outra medida totalmente descabida e inaceitável por parte do governo federal. Nos parece evidente que o MEC aguardou propositalmente o fim do mandato do (ex)reitor para devolver a lista tríplice, visando criar esta instabilidade e limpar o terreno para seu grupo político lançar seus tentáculos e se colocar como alternativa na formação das listas tríplices. Lutaremos incansavelmente para derrubar esta intervenção e para que sejam nomeados, o mais rápido possível, as únicas pessoas democraticamente legitimadas no atual contexto: o prof. André Maurício como reitor e a profa. Rozana Rivas como vice, conforme resultado das urnas na Consulta Pública à comunidade. Esta é a nossa luta. Somos responsáveis tão somente e simplesmente por tentar impedir que a UFS se torne um feudo de um grupo político, qualquer que seja. Para sentar naquela cadeira vai ter, sim, que passar pelo crivo da comunidade acadêmica.

Para o grupo do ex-reitor, toda esta novela parece se resumir no paradoxo de Humpty Dumpty, personagem criado por Lewis Carroll em Alice Através do Espelho: “A questão é, disse Humpty Dumpty, é saber quem vai mandar – só isto.”. A esse grupo, o SINTUFS deixa um recado mais que direto: quem mandará é a comunidade acadêmica. A democracia é mais que um nome com o qual batizar praças vizinhas ao castelo do ex-REItor. Aos que insistem em jogar a culpa nas costas das entidades que representam as três categorias, insistimos: ponham-se não através, mas diante do espelho.

São Cristóvão, 25 de novembro de 2020

Coordenação Executiva do SINTUFS

GESTÃO “Somos a Resistência – A Luta Continua” (2019-2020)”

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