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Somos todos inocentes

Por Antonio Samarone *

O homem é responsável por sua natureza e por suas escolhas”, dizia Jean Paul Sartre.

Nada disso, a pós-modernidade aponta para a ausência de responsabilidade e de culpa. É o fim do remorso. A culpa tornou-se apenas um conceito jurídico. “Só depois de transitado e julgado.”

A culpa religiosa (o pecado) entrou em desuso. A comunhão nas missas é livre aos interessados, não exige mais a confissão. Cada um avalia, se deve ou não entrar na fila da comunhão.

Antes, a comunhão deveria ser precedida da confissão e do arrependimento, seguida de uma breve penitência. Que poderia ser apenas simbólica, mas era uma penitência.

Houve um retorno ao determinismo calvinista por outros meios, com outra narrativa. Antes religioso, hoje científico.

Somos geneticamente, socialmente e mentalmente comandados por forças autônomas. Os comportamentos humanos indesejáveis se tornaram “transtorno mental”, diagnosticados pela psiquiatria e com tratamento a venda nas farmácias.

Alceu não respeita ninguém, viola sem remorsos o direito dos outros, usa de métodos condenáveis para impor a sua vontade. Alceu é um egoísta agressivo e incorrigível. Hoje, a psiquiatria transformou Alceu no portador de um “transtorno”.

A antiga e frequente timidez, chama-se hoje de TAS, Transtorno de Ansiedade Social, e pode ser tratada pela indústria farmacêutica.

A descoberta desses transtornos, que entopem o manual de diagnostico americano (DSM), atende a uma necessidade social: ninguém quer ser culpado, somos todos vítimas.

O livre arbítrio é uma cilada, diz a nova ideologia.

Somos determinados pela genética, pelas circunstâncias sociais e pelo funcionamento dos módulos programados do cérebro. Somos o que nascemos para ser. Como diz o ditado popular: “A pessoa é para o que nasce.”

Há um caso jurídico famoso, onde o criminoso defendeu-se no tribunal alegando que foi condicionado geneticamente a violar a lei, que não teve culpa, O sábio Juiz retrucou, com um veredito: e eu sou geneticamente determinado a defender a lei, não tenho outra saída a não ser condená-lo a pena máxima.

O inferno já está superlotado!

* É médico sanitarista.

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