O consumidor deve preparar o bolso para arcar com um reajuste de cerca de 20% no valor das bandeiras tarifárias que será definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Provocado pelo baixo nível dos reservatórios das usinas termoelétricas, o aumento deve ser anunciado até o final deste mês.
A crise hídrica,que entrou no radar com falta de chuva nas regiões responsáveis pelo abastecimento da energia hidráulica, já está doendo no bolso da população. Um terço da alta histórica de 0,83% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio passado, por exemplo, ocorreu devido aos reajustes da energia elétrica. E, para piorar, essa fatura subirá ainda mais com a sinalização da Aneel.
Essa queda dos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas devido à estiagem já era esperada por todos que atuam no setor desde 2014, mas, de acordo com especialistas, faltaram investimentos, seja em térmicas, seja em energias alternativas (solar, eólica e biomassa) para evitar o cenário atual. Com isso, o país corre o risco de reviver o ano de 2001, quando a população e as empresas foram obrigadas a diminuir o consumo em 20% para evitar apagões. Para a maioria dos analistas, neste ano, há risco de racionamento, mas não de apagões. O problema maior, no entanto, será em 2022.
Pior crise em 91 anos
Jerson Kelman, ex-diretor-geral da Aneel, alerta que o setor não está preparado para a pior crise em 91 anos, mas também não aceita a comparação com 2001. “No passado, não construíram usinas suficientes e chegamos com insuficiente água em estoque e poucas térmicas para fazer frente ao consumo médio. Não é essa a situação, de hoje, graças, em grande parte, à entrada de novas gerações: eólica, solar e térmicas”, afirma. Para ele, ainda dá tempo de tomar medidas para evitar uma grave crise hídrica.
Fonte: Correio Braziliense