Lucindo J. Quintans Júnior*
A Universidade Federal de Sergipe (UFS) acaba de reafirmar seu lugar entre as melhores universidades do Brasil e do mundo. No ranking mais recente do Center for World University Rankings (CWUR), a UFS se posicionou como a 6ª melhor universidade do Nordeste, a 27ª entre as universidades federais e a 39ª no Brasil. Além disso, figura entre as 2 mil melhores do mundo — um feito e tanto, considerando que mais de 20 mil instituições foram avaliadas.
Mas o que esses números realmente significam? Para além da euforia e do entusiasmo de ver uma universidade sergipana entre as gigantes do mundo acadêmico, é interessante entender onde, exatamente, a UFS se destaca. E, quando falamos de destaque, o Field-Weighted Citation Impact (FWCI – numa tradução livre seria algo como “Impacto de citações ponderado por campo de conhecimento”) é um dos pontos de destaques.
De acordo com a plataforma europeia Scival, do grupo Elsevier, a UFS apresenta um FWCI de 1,36, enquanto a média mundial é 1, e a brasileira está perto de 0,8. Traduzindo para o bom e velho português, isso significa que a produção científica da UFS é citada com mais frequência do que o esperado, considerando sua área de atuação. Em outras palavras: o que se faz aqui tem impacto — e impacto global.
E esse impacto não surge por acaso. A metodologia do CWUR foca em quatro pilares centrais: qualidade da educação, empregabilidade, qualidade do corpo docente e, claro, a performance em pesquisa. A UFS, com suas publicações em revistas de alto impacto e uma tradição crescente de pesquisa relevante, tem se destacado especialmente nos quesitos de qualidade do corpo docente e produção acadêmica.
No campo da pesquisa, que inclui fatores como o número de artigos em periódicos de prestígio e a influência desses estudos no meio científico, a UFS vem consolidando sua posição com avanços significativos. É importante lembrar que estamos falando de uma universidade localizada em uma das regiões mais historicamente subfinanciadas do Brasil, o que torna esses resultados ainda mais impressionantes. Destaca-se que, apesar dos severos cortes orçamentários enfrentados pela UFS nos últimos anos e dos ataques sistemáticos à ciência brasileira em governos recentes, esse resultado torna-se ainda mais expressivo e digno de reconhecimento.
Destaca-se que UFS alcançou a nota máxima, 5, na avaliação do MEC, após sair da nota 3, mesmo em um cenário de desinvestimento, ataques à educação e instabilidade nas políticas públicas. Esse resultado reflete a resiliência e o compromisso da UFS com a excelência acadêmica, pesquisa de qualidade e a formação de recursos humanos, mesmo diante de políticas pouco assertivas nos principais ministérios e agências de fomento à pesquisa. A conquista ressalta a capacidade da instituição de superar desafios e continuar promovendo educação de ponta e que influenciou diretamente na ótima colocação da universidade no CWUR, um ranking mundial.
Por sua vez, o CWUR avalia instituições com base em critérios objetivos, sem depender de dados enviados pelas próprias universidades ou de questionários que possam enviesar os resultados. Ou seja, o ranking traduz uma realidade crua e direta: a UFS tem um lugar cativo entre as melhores, não porque alardeia seus feitos, mas porque seus números falam por si.
Em um cenário onde instituições como Harvard, MIT e Stanford lideram o ranking mundial, ver uma universidade nordestina se destacando mostra que, mesmo com as dificuldades, o Nordeste segue firme no caminho da produção de conhecimento de alta relevância. E a UFS, com toda sua força acadêmica, prova que excelência não tem fronteiras.
Neste momento em que a ciência e a educação sofreram pressões e agressões do tipo de ser “cara e ineficiente”, a UFS continua a crescer e se destacar, mostrando que investir em pesquisa de qualidade, mesmo em um contexto desafiador, traz resultados que colocam Sergipe no mapa global do conhecimento. Que venham mais conquistas.
*Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe e professor Titular no Departamento de Fisiologia (DFS). lucindojr@gmail.com