A GE do Brasil informou nesta quarta-feira (8), que a usina Porto de Sergipe I, localizada na Barra dos Coqueiros, passou com sucesso em seus primeiros testes de acionamento e de sincronização, etapas críticas nas quais os engenheiros dão a partida e conectam, pela primeira vez, umas das três poderosas turbinas a gás 7HA.02 construías pela GE à rede elétrica nacional.
“Estamos muito orgulhosos desse marco e sabemos que estamos gerando energia confiável para o povo brasileiro “, diz Luciano Silva, diretor de projetos da GE Gas Power. Segundo ele, as três turbinas, em conjunto com outra gigante turbina a vapor, além de três caldeiras de recuperação de calor (HRSG), são capazes de gerar colossais 1,5 GW, ou cerca de 15% da demanda energética da região Nordeste: “A Porto do Sergipe I será a maior usina a gás de ciclo combinado da América do Sul”, frisa Luciano.
Gás do Qatar
A Centrais Elétricas de Sergipe (CELSE), a operadora do projeto, tem um contrato de 25 anos para importar até 1,3 milhão de toneladas de GNL da Ocean LNG, uma afiliada da Qatar Petroleum, maior produtor mundial de combustível líquido. A CELSE armazenará o GNL em uma unidade de armazenamento e regaseificação (FRSU), uma embarcação gigante atracada a poucos quilômetros de Aracaju, capital do Sergipe. Se a CELSE solicitar uma nova carga para abastecer o FRSU, a Ocean LNG terá o compromisso de entregá-la em dois meses. Este acordo oferece à CELSE um suprimento seguro e exclusivo de GNL com preço competitivo, além de muita flexibilidade.
O preço do GNL não foi divulgado, mas os contratos de longo prazo para o combustível geralmente exigem preços mais baixos, pois reduzem o risco do fornecedor. Também houve forte concorrência no fornecimento de gás ao projeto de Sergipe em 2015, quando a CELSE venceu um importante leilão de capacidade de energia. A Porto do Sergipe I poderá enviar energia para a rede por cerca de R$ 200–250/MWh (US $ 49,13–61,41 / MWh), valor que Silva diz ser aproximadamente quatro vezes menor do que o cobrado pela geração termelétrica nos últimos anos. “Cerca de 90% do preço é composto pelos custos de combustível”, diz ele.
Usina nuclear
O projeto é mais do que três poderosas turbinas a gás natural. O sistema de ciclo combinado da usina significa que o calor gerado pela exaustão das turbinas não é desperdiçado, mas inserido em um gerador de vapor onde é utilizado para ferver a água. O vapor gerado durante essa operação gira outra turbina conectada a um gerador separado. A combinação desses dois ciclos termodinâmicos — gás e vapor — melhora a eficiência geral da planta e reduz os custos de combustível. Cada turbina a gás pode gerar cerca de 320 MW de eletricidade, ou seja, com as três turbinas operando em paralelo, a produção chega a quase 1 GW. A turbina a vapor tem uma potência máxima de 500 MW. “Esse total de 1.500 MW é colossal”, diz Silva. “Está no alcance de uma usina nuclear.”