Quando o médico receita um remédio, depois que a pessoa passa na farmácia, vem a dúvida: como tomar? Muitas avós recomendam que o medicamento seja tomado com leite, “para proteger o estômago”. No entanto, essa é uma atitude que prejudica a absorção do medicamento e faz com que ele não tenha o efeito desejado. Aquela dor que deveria passar em pouco tempo? Talvez ela demore, se você tomar com leite.
Algumas outras atitudes atrapalham o bom efeito dos fármacos. Veja as dicas de Claudia Souza, farmacêutica da Rede de Farmácias de Manipulação Officilab.
A farmacêutica explica que, independentemente da natureza química do medicamento, a recomendação permanece: eles devem ser ingeridos com um copo de água. “Além de ajudar na dissolução do fármaco, facilita a passagem pelo esôfago, evitando que o medicamento fique entalado na garganta”.
Além disso, os medicamentos não devem ser dissolvidos na boca. Segundo a farmacêutica, isso só pode ser feito caso o médico oriente previamente ou esteja descrito na bula. “Caso contrário, os efeitos medicamentosos acabam perdidos”.
Aquela mania antiga de tomar “só metade” do remédio não é uma boa ideia. Se o médico receitou 10mg de um medicamento, a melhor opção é comprar o remédio já nessa miligramagem, em vez de cortar o de 20mg ao meio.
“Alguns medicamentos são desenvolvidos para se dissolverem aos poucos; logo, cortando-os ao meio acaba-se prejudicando seu efeito, sem contar que a dosagem correta pode ser perdida no processo de partir. As cápsulas também devem ser ingeridas por inteiro, jamais partindo-as”, recomenda.
O médico, porém, é soberano nas decisões. Se, por alguma razão ele recomendar algum procedimento diferente, o paciente deve seguir a orientação.
Medicamentos têm tempo de ação diferentes no organismo, portanto tomar o remédio no horário prescrito pelo médico garante a melhor ação do fármaco. “A eficácia dos princípios ativos depende do comprometimento com esses horários. Por exemplo, quando prescrito para tomar com o estômago vazio – ao menos uma hora antes das refeições ou duas horas após ingerir alimentos – é porque esse procedimento pode garantir absorção mais rápida e completa”, explica Claudia.
“Algumas substâncias se ligam ao cálcio do leite, formando um complexo que não pode ser absorvido pelo organismo, diminuindo a ação do medicamento”, explica. O ideal é tomar o remédio com água.
A farmacêutica explica que a associação do álcool com remédios pode cortar a eficácia deles ou até mesmo potencializar os efeitos do álcool. Isso acontece porque o álcool e os medicamentos são metabolizados pelo fígado, e, quando ingeridos na mesma hora, levam o órgão à exaustão.
“Quando as duas demandas chegam ao fígado, o órgão não sabe qual metabolizar primeiro, consequentemente acaba não exercendo seu papel por completo, e uma das metabolizações é prejudicada”.
Ela explica que, como o álcool é geralmente consumido em maior quantidade, o fígado tenta metabolizar ele primeiro, e não concentra a atividade no remédio. “Isso acaba diminuindo a eficácia medicamentosa”, alerta.
Além disso, o fígado não consegue absorver totalmente o álcool e parte dele fica por um período maior circulando no corpo, logo, a pessoa fica bêbada por mais tempo.
Alguns medicamentos anulam o efeito dos outros. Os antibióticos, por exemplo, são capazes de comprometer a eficiência das pílulas anticoncepcionais, já que os antimicrobianos interferem na saúde da flora intestinal, e essas bactérias do intestino são importantes para reativar o estrogênio das pílulas e manter a eficácia. “Como o nome ‘interação medicamentosa’ já diz, essa interação nada mais é do que a relação entre dois medicamentos que foram administrados concomitantemente”, explica Claudia.
Os antiácidos, que são prescritos normalmente para proteção do estômago quando se faz uso de outros medicamentos, pode reduzir o efeito desses remédios, pois diminuem a absorção do princípio ativo, que geralmente tem pH ácido, detalha a farmacêutica.
Perguntar ao médico ou farmacêutico se há algum problema de interação entre um medicamento e outro é importante para o bom tratamento.
Os medicamentos de uso tópico, aqueles em cremes ou pomadas, são facilmente removidos quando a pessoa se veste ou deita logo após aplicar na pele. “O ideal é deixar que sejam absorvidos por 30 minutos antes de se vestir ou de deitar para dormir”, alerta Claudia.
Segundo ela, cada remédio tem uma recomendação diferente, por isso é importante seguir corretamente as orientações do médico, farmacêutico ou bula para garantir que ele tenha a maior eficácia possível.
Fonte: iG São Paulo (Crédito/www.sol.pt)