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Catálogo traz plantas usadas nas religiões de matriz africana

As religiões de matriz africana têm o uso das ervas como uma de suas práticas mais antigas

O Instituto de Meio Ambiente e Preservação à Natureza (IMBA) elaborou o seu novo catálogo intitulado “Plantas e ervas medicinais utilizadas nos rituais de religiões de matriz africana”. O catálogo foi elaborado com o objetivo de ressaltar o uso e a manipulação de plantas e ervas medicinais nos rituais, abordando conhecimentos sobre as formas de utilização e o papel das ervas na saúde e espiritualidade. O projeto foi contemplado financeiramente pela Lei Paulo Gustavo.

Babalorixá Wilionedson de Oyá, do Terreiro Ilê asé Oya Funã

Com mais de 30 anos de experiência no culto africano, o Babalorixá Wilionedson de Oyá ressalta que as ervas são indispensáveis para sua religião, pois sem ervas não existem os Orixás. “Para todos os rituais, temos que ter as ervas sagradas, tanto para os nossos banhos e nossas limpezas, como para os nossos chás. Falando em ervas, nós falamos de ancestralidade, principalmente a erva chamada Gameleira Branca, a Erva Ancestral. Temos várias imensidões de ervas que usamos no nosso culto”, explica o pai de santo.

Segundo o Babalorixá Marcos Vinicius, a maioria das ervas tem diversas funcionalidades, como ornamentar, apaziguar, destruir, unir, atrair e curar, a depender do desejo e da intenção de quem a está utilizando. Por isso, é importante entender o que é válido e a importância das ervas para a natureza, que é fundamental para a vida de todos.

“É importante termos esse cuidado e trazermos nossas vivências enquanto Babalorixás, enquanto sacerdotes aqui da cidade de São Cristóvão, para que as pessoas tenham mais conhecimento e cuidado, porque sem essas ervas nós não teríamos como fazer o nosso candomblé, dar a vida para as pessoas que iniciamos, que cuidamos, ou algo relacionado. A erva é fonte de vida, é utilizada para benzimento, para chá, incenso, banho, para diversas necessidades”, afirma.

As tradições religiosas da cultura africana valorizam a conexão entre o físico e o espiritual, tendo o uso das ervas medicinais para cura e proteção como uma de suas práticas mais antigas. Ao preservar essa tradição, é mantida também a memória ancestral de quando os curandeiros e líderes espirituais eram responsáveis pelo conhecimento das propriedades curativas e seu uso em rituais sagrados. Além disso, o uso de plantas medicinais é uma medida complementar e integrativa ao tratamento e prevenção de doenças, o que ajuda na manutenção da saúde.

Babalorixá Marcos Vinicius, do Terreiro Egbé ty Olodê

presidente do IMBA, Valmir Silveira, destaca que o instituto uniu forças a adeptos das religiões de matriz africana por ser uma comunidade que faz suas obrigações de proteger as matas e os rios. Dessa forma, foi construído um trabalho coletivo e ambiental, que incentiva a preservação da natureza.

“Essa cartilha vai ajudar bastante até pessoas que fazem faculdade e estudam em escolas para saber o que são as folhas, para que servem e onde podem ou não ser usadas. Nós estamos levando o projeto nas escolas e em todos os eventos que tenha pessoas para que possamos melhorar o vínculo com a matriz africana e saber para que servem as ervas”, afirma o presidente.

O IMBA desenvolve atividades de conscientização ambiental e de incentivo à prática religiosa há mais de 20 anos, junto a mais de 150 comunidades de terreiros cadastradas na entidade. O instituto conta com 527 agentes colaboradores, que exercem trabalhos em São Cristóvão e outros municípios do estado.

O catálogo “Plantas e ervas medicinais utilizadas nos rituais de religiões de matriz africana” está disponível em formato digital e é possível acessá-lo clicando aqui.

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